Cozinhas asiáticas por Jonas Kang Kim

Primeiro porto-alegrense de uma família sul-coreana que migrou para o Brasil a partir da década de 1970, o publicitário e empresário Jonas Kang Kim é movido pelo desejo de estar conectado às suas origens e à cultura contemporânea. Aos 28 anos, é um dos sócios do OKPO, restaurante situado no bairro Mont’Serrat.

Os pais de Jonas mudaram-se inicialmente para São Paulo. Mais tarde, Porto Alegre entrou no itinerário dos Kang Kim por conta da atuação do pai de Jonas, Jeong Hee Kim, como árbitro de taekwondo.

Em uma das viagens para apitar um campeonato no Sul, ele se encantou pela capital gaúcha. Logo em seguida, Jeong e a esposa, Hye Run Kang Kim, passaram a integrar a pequena comunidade de origem coreana que vive no Rio Grande do Sul.

Em uma cidade com poucas pessoas de ascendência asiática, seus traços chamam a atenção desde a infância. “Quando era pequeno, ouvia algumas brincadeiras. Não entendia por que as pessoas nos estranhavam tanto. Mas achava engraçado, sempre contornei bem essas situações”, lembra Jonas, que atualmente percebe uma curiosidade respeitosa nos lugares por onde circula.

Já adulto, Jonas passou a valorizar ainda mais a distinção de suas origens em Porto Alegre: “Prefiro ser uma pessoa diferente do que ser igual a todo mundo”.

Jonas tem memórias de uma comunidade coreana integrada e colaborativa, com famílias que se reuniam em jantares e se ajudavam para empreender no Brasil. Com o passar do tempo, os encontros foram se tornando mais raros à medida que a integração aumentava ou parte das famílias se mudava para outros países.

Em busca de uma reaproximação com a cultura coreana, Jonas inaugurou o OKPO em 2021. O restaurante é também um gesto que ele faz à cidade onde nasceu e que acolheu seus pais. “É uma forma de agradecer a Porto Alegre por tudo que ela nos deu”, define.

Culinária coreana com olhar contemporâneo

“O que eu mais lembrava da cultura coreana era a comida. Minha mãe sempre foi uma cozinheira de mão cheia. Tentei juntar o útil ao agradável com uma linguagem contemporânea”, conta Jonas. 

O embrião do que hoje é o OKPO nasceu como forma de ajudar os pais em meio às dificuldades financeiras da pandemia. Jonas passou a vender kimchi, fermentado de acelga tradicional da culinária coreana. “Andava de bike uns 30 quilômetros por dia para fazer as entregas”, recorda.

Fotografia, arte urbana e comida sem frescura

Jonas se vê como parte de uma geração de empreendedores gastronômicos que valoriza as trocas. “São pessoas que compartilham informações, não se veem como concorrentes e querem impactar Porto Alegre de forma positiva”, afirma. A pizzaria Brizza, o restaurante Capincho e o bar Firma são alguns dos estabelecimentos liderados por jovens e apreciados por Jonas.

"Para mim, boas experiências gastronômicas são a soma de comida gostosa e clima descontraído, onde tu não tenhas de agir diferente do habitual”, diz Jonas. Entre os restaurantes asiáticos que admira em Porto Alegre, destaca o chinês You Yi e o japonês Danjou Lamen & Izakaya.

Para além da gastronomia, Jonas é apaixonado por fotografia e arte urbana. Publica suas fotos no Instagram e é fã de grafiteiros como Jotapê, Mateus Grimm e Trampo.

Para uma das paredes do OKPO, Jonas encomendou ao tatuador Matheus Irezumi o desenho de um tigre. O animal, que representa força, poder e espírito guardião para os coreanos, é um dos elementos do restaurante que aproxima os frequentadores da cultura da Coreia do Sul e do imaginário inventivo de Jonas Kim.

Crédito de imagens - Destaque: Ricardo Feldman | Retrato, feed e galeria: arquivo pessoal