Um passeio cheio de afeto por um dos cartões-postais de Porto Alegre
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Mais do que ser um dos principais cartões-postais de Porto Alegre, o Viaduto Otávio Rocha, carinhosamente chamado pelos porto-alegrenses de Viaduto da Borges, no Centro Histórico, está entrelaçado com a profissão e as memórias afetivas do arquiteto e urbanista Rafael Passos, vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e ex-presidente da seccional gaúcha do IAB. Rafael também é o superintendente no Rio Grande do Sul do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao Ministério da Cultura.
Para Rafael, o local simboliza um período especial de sua vida, já que por 25 anos viveu na região. “Nasci em Porto Alegre, no bairro Menino Deus, mas logo meus pais se mudaram para o centro, na Borges de Medeiros, entre as Ruas Jerônimo Coelho e Riachuelo. E foi nesse período que começou minha conexão com o viaduto”, conta. “Todo o meu dia a dia se passava por aqui, já que por 11 anos estudei no Colégio Sévigné, na Duque de Caxias, e sempre frequentei o comércio. Então, para mim, há uma conexão da minha vida toda com esse espaço.”
Para a arquitetura, a importância do Viaduto da Borges está ligada à transformação de Porto Alegre. Rafael conta que a imponente construção surgiu com o objetivo de conectar bairros, ligando as Zonas Leste, Sul e Central de Porto Alegre, resolvendo problemas de trânsito. Mas foi muito além. “O projeto do viaduto, de 1914, também foi pensado para ser lugar do pedestre, para ter essa relação de rua, de troca e de encontro entre as pessoas. Ele não é somente um viaduto, é uma obra de arte”, afirma.
Projetado pelos engenheiros Manoel Barbosa Assumpção Itaqui e Duílio Bernardi com esculturas de Alfred Adloff, o Viaduto da Borges levou seis anos para ficar pronto. Antes do início das obras de revitalização do viaduto, iniciadas no final de novembro de 2022, havia mais de 30 estabelecimentos comerciais em funcionamento – entre sebos e bares, como o famoso Justo, um dos queridinhos de quem gosta de visitar a região. Além disso, todo o seu entorno acabou se transformando com a energia pulsante do movimento da cidade e suas conexões.
Um dos locais preferidos de Rafael na região no entorno do Viaduto da Borges é o Museu Julio de Castilhos, localizado na Duque de Caxias, a poucos passos do viaduto. “Uma das memórias mais bonitas que tenho da época em que vivi aqui é do meu aniversário de 10 anos, quando comemoramos no jardim do museu. Foi tão especial que me lembro disso até hoje”, revela. Mesmo morando há anos no bairro Santana, o arquiteto continua frequentando os estabelecimentos da área, como o Espaço Cultural Qorpo Santo, um sebo de livros e discos de vinil, a loja 1 do comércio localizado na base do viaduto. “É um dos lugares que mais gosto de comprar LPs. São tantos anos que venho aqui que fiquei amigo do seu Adacir, o proprietário”.
Subindo pelo Passeio Inverno, chegamos a outro ponto que está entre os favoritos de Rafael, o Teatro de Arena. Fundado em 1967 pelo Grupo de Teatro Independente, foi um dos locais de resistência cultural durante a ditadura militar. “O espaço tem todo um significado histórico para a cidade, mas, além disso, é um teatro muito especial pelo formato único e intimista, e pelo o que provoca nos artistas e no público. Ele obriga você a construir propostas diferentes artisticamente falando, e isso é muito rico”. Alguns metros abaixo da escadaria, outro local de extrema importância acolhe a história da imprensa local, o prédio da Associação Riograndense de Imprensa.
Quando a fome e a sede batem, Rafael costuma aproveitar a descida do Passeio Verão e ir em direção ao Mercado Público. Mas, antes de se aventurar entre as bancas ou apreciar um chope no Naval, ele visita o Café à Brasileira na Rua Uruguai para um cafezinho e uma boa conversa.
Crédito de imagens - Destaque: Ricardo Feldman | Retrato: Divulgação_IABRS | Feed: Ricardo Feldman, SUL21 (Jornal) & Ricardo Feldman