Como é morar em Tristeza

Em meados do século 19, a região que daria origem ao bairro Tristeza era repleta de campos e pouco povoada, basicamente uma zona rural que abarcava a Vila Conceição e a Vila Assunção, e também partes de Camaquã e da Pedra Redonda. A origem do nome é curiosa: o apelido do habitante mais antigo da região, o chacareiro José da Silva Guimarães, era Tristeza.

Um dos marcos do bairro, a Floricultura Winge está ligada ao povoamento do Tristeza. O imigrante alemão Josef Winge instalou-se lá em 1866, cultivando primeiramente árvores frutíferas. A partir de 1915, um dos filhos começou a vender plantas ornamentais. Hoje, a Winge ocupa uma área de 30 mil metros quadrados, que inclui o café na casa erguida em 1900 pelo pioneiro da família.

O ano de 1900 também marca a inauguração da Estrada de Ferro do Riacho, cujo terminal era em Tristeza, intensificando o desenvolvimento e o movimento do bairro. A extinta ferrovia trazia as pessoas da área central de Porto Alegre para se banhar nas águas, então despoluídas, do Guaíba e desfrutar suas praias. Moradores de regiões nobres passaram a construir casarões e chalés nas áreas próximas das praias, incrementando ainda mais o povoamento – figuras ilustres como os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart gostavam de passar as férias de verão curtindo a tranquilidade da Tristeza.

Uma das características da Zona Sul são os clubes náuticos, como o Jangadeiros, fundado em 1941 na Tristeza por Leopoldo Geyer, empresário e desportista envolvido também na criação de outras agremiações do gênero na região, como o Iate Clube Guaíba e o Veleiros do Sul. 

Na Avenida Wenceslau Escobar – principal acesso ao bairro e onde atualmente grande parte do comércio está concentrado –, destaca-se o imponente pórtico em concreto armado construído em 1936 para indicar a entrada do Jardim Yacht Club, entre as Ruas Almirante Delamare e Armando Barbedo.